A retirada de madeira ilegal para venda é um fator significante. Mas, ao mesmo tempo, o país e o seu povo precisam utilizar os recursos da Amazônia para se desenvolver. Desta forma, deixá-la intocada não é uma opção para aqueles que dependem dela para sobreviver. A solução pode parecer contraditória, mas há uma maneira que atende as necessidades da população do Peru, sem comprometer as necessidades das futuras gerações. E sim, isso envolve cortar árvores.
O Peru é um dos dez países com maior biodiversidade no mundo, com milhares de espécies de anfíbios, pássaros, mamíferos, répteis e plantas exóticas, e muitas delas não são vistas em nenhum outro lugar do planeta.
“Quando garoto, eu me lembro de correr pela floresta, curioso para saber tudo sobre todas as criaturas”, diz Nelson Kroll, responsável por uma unidade de manejo florestal no Peru. “Na universidade, eu queria continuar a aprender sobre elas, inclusive a Aguila come monos” (harpia notória por suas proezas na caça a pequenos macacos).
Nelson sabe que os tesouros naturais do Peru encaram ameaças substanciais, e que algumas espécies estão à beira da extinção. Ele estudou manejo florestal na universidade de Pucallpa e se formou em 2001. Como ele explica, “Eu percebi que, desta forma, podia fazer muito mais para os animais”.
Hoje, ele trabalha na Maderacre, no Peru, operando 140 mil hectares de floresta certificada pelo FSC®. O garoto que cresceu fascinado pelos animais da floresta trabalha na organização há 12 anos.
Victor Solano, veterano da equipe, sai de um grande trator, vestindo uniforme laranja, capacete de segurança branco e óculos de proteção. Engenheiro florestal, Victor gerencia o time de extração. Com mais de 20 anos de experiência e 15 anos trabalhando em organizações certificadas, Victor tem muitas histórias para contar.
“Nós costumávamos entrar na floresta e tirar o que precisávamos e ir embora. Não havia uma preocupação em longo prazo, nenhum plano para 20 anos, como temos agora (um requisito para a certificação de manejo florestal). Planejar é importante”.
Este é o futuro: monitorar as florestas para melhorar o processo de decisão.
Há uma relação mutuamente benéfica entre homem e meio ambiente, que está no centro do manejo florestal FSC de florestas nativas. Os trabalhadores entram em um hectare de sua concessão florestal, e identificam todas as árvores com valor comercial e as traçam usando dispositivos portáteis de GPS. Eles tiram algumas das árvores de cada hectare. Em seguida, eles vão para o próximo hectare, e para o próximo hectare, assim por diante. Quando eles voltam ao primeiro, as árvores estão crescendo e eles podem identificar e colher outras árvores, sempre respeitando a capacidade que a floresta tem de se recuperar.
“E isso não beneficia apenas a floresta”, diz Nelson, “florestas saudáveis são investimento em saúde para as pessoas”. Victor concorda: “Como trabalhadores, temos direitos e temos oportunidades para aprender. Nós não apenas vamos ao trabalho, nós aprendemos novas habilidades e disciplina”.
Todos tomam posse e responsabilidade por suas ações. Cada trabalhador se sente importante para a operação. Quer se trate de um trabalhador florestal júnior designado para reunir informações e marcação de árvores para colheita, ou um trabalhador experiente aprendendo a dirigir um trator, ou um veterano assumindo o papel de mentor. Cada membro do grupo entende a importância de seu papel dentro da equipe de manejo florestal e a importância da sua contribuição para o bem-estar da floresta.
“Você vê aquele pássaro ali?”, Nelson aponta para o alto. Ele rapidamente identifica o gavião-tesoura. “Você tem muita sorte em vê-lo, eles são raros na Amazônia hoje em dia. Mas nós ainda os vemos em nossas florestas”.
Quando ensinamos as ferramentas para o manejo florestal responsável para as crianças, nós garantimos o futuro das florestas em boas mãos. Como Victor diz, “planejar é importante”.
Fonte: FSC Internacional