Em agosto, por exemplo, a área desmatada na Amazônia legal foi a maior dos últimos 15 anos. Será muito difícil mudar o cenário se não mudarmos nossa atitude em relação à floresta. Todas as florestas, e não apenas a Amazônia. É preciso dar a elas a atenção que elas realmente merecem.

Já existem muitas iniciativas bem-sucedidas de manejo florestal responsável em todo o país, o que falta é ampliar e integrar esses casos, soluções e conhecimentos. Mas, para isso, precisamos de uma política ambiental eficiente e investimentos em tecnologia e inovação no setor florestal, infraestrutura boa e diferenciada para escoar as produções e subsídios econômicos para quem adota boas práticas. E também temos que continuar divulgando informação de qualidade. Precisamos deixar claro o quanto o desmatamento ilegal é nocivo para o nosso desenvolvimento e, ao mesmo tempo, temos que falar sobre o que significa manejo florestal responsável e como ele pode, depois de garantir a nossa sobrevivência, nos inserir na nova economia de baixo carbono, gerando empregos, renda e mais consciência ambiental.

Hoje, vivemos uma condição curiosa – e, em grande medida, preocupante –, porque, por um lado, temos um interesse maior pela conservação das florestas e seus produtos, mas, por outro, há um grande medo de “contaminação”, sobre a origem dessas matérias-primas. A ilegalidade penaliza todo o setor e afasta os investidores. É, portanto, urgente combatê-la, valorizando quem maneja corretamente. Temos muitas, muitas boas iniciativas que comprovam que o manejo florestal é viável e que o equilíbrio entre conservação e exploração é possível, e já real, basta reconhece-las, aperfeiçoa-las e recompensá-las para que se proliferem.

E os consumidores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, aqui no Brasil ou no exterior, precisam se informar, estudar, pesquisar, procurar o selo FSC. Ainda que eles não possam e não devam ser responsabilizados pelo desmatamento, eles têm sim um poder enorme nas mãos – e no bolso. Todas as nossas escolhas diárias de consumo são importantes e fazem a diferença. O que devemos fazer é questionar de onde vêm e como são feitos os produtos florestais que consumimos, e exigir que sejam bons para todas as partes envolvidas. É um processo, uma longa jornada, que, felizmente, já começamos e não temos como voltar atrás.

Daniela Teixeira Vilela - Diretora Executiva do FSC Brasil