Ocupando diversas posições, elas têm contribuído para o desenvolvimento da sociedade e a diminuição das desigualdades. Por isso, neste dia 8 de março, de forma simbólica, o FSC Brasil honra todas as mulheres por seus feitos alcançados.
Mas, infelizmente, a questão da equidade de gênero ainda é um problema não apenas brasileiro, mas global, e não se restringe a um ou outro setor. Como não é possível falar de desenvolvimento sustentável sem equidade de gênero, a garantia desse direito fundamental faz parte da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela ONU, para que tenhamos um mundo mais justo e equilibrado.
Curioso que, lá atrás, enquanto os homens se dedicavam aos rebanhos e à caça, as mulheres praticavam o que viria a ser considerado agricultura e cuidavam das tarefas domésticas. Hoje, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), as mulheres representam 43% da força de trabalho rural em países em desenvolvimento. No entanto, elas representam apenas 12,7% dos proprietários de terra no Brasil e tendem a receber 30% a menos do que os homens por seus serviços.
De acordo com o estudo Terrenos da desigualdade: terra, agricultura e desigualdades no Brasil rural, divulgado pela Oxfam Brasil, esses pouco mais de 12% de terras que pertencem às mulheres representam cerca de 5% das áreas rurais.
Já é sabido que o manejo florestal responsável tem impactos positivos na economia, logicamente, mas também nas questões ambientais – inclusive no combate às mudanças climáticas – e sociais. No caso do FSC, por exemplo, estão entre os seus padrões tanto o direito ao consentimento livre, prévio e informado, que ajuda a proteger povos indígenas e comunidades tradicionais, quanto a equidade de gênero. O critério 2.2 estabelece que deverão ser promovidas “oportunidades iguais nas práticas de emprego, nos treinamentos, na celebração de contratos, nos processos de engajamento e nas atividades de gestão das organizações certificadas".
“Os homens ainda dominam o setor florestal e as mulheres raramente contribuem para a tomada de decisões nessa área”, diz Daniela Vilela, a terceira mulher diretora executiva do FSC Brasil, que conta uma equipe exclusivamente feminina. “Este critério permite contribuir diretamente para fomentar a participação das mulheres na prática, no dia a dia e nos negócios de manejo florestal responsável”, completa.
E uma pesquisa realizada pela Rede Mulher Florestal com apoio da Faculdade de Jaguariaíva, no Paraná, mostra que já há mudanças e que um olhar para a equidade começa a fazer parte da realidade das empresas. O trabalho traz um panorama da realidade de metade da área de plantações florestais do país, localizadas em 12 Estados em todas as regiões, e na qual estão 34 mil profissionais diretamente trabalhando no segmento. Das organizações que participaram do estudo, 63% afirmaram possuir política de diversidade ou não discriminatória.
Justamente por ser um problema complexo, que não será resolvido de uma mesma maneira ou com um único movimento, é preciso formular estratégias e implementar atividades que abarquem a vida pública, a sociedade civil e o setor privado.