O lema do FSC é “florestas para todos para sempre”. E para que ele se torne realidade é preciso proteger. São vários os sinônimos para proteger e vários deles caem como uma luva quando o assunto é floresta: fomentar, defender, cuidar. Portanto, proteger também é explorar com respeito ao meio ambiente e às pessoas que vivem na e da floresta, como indígenas, ribeirinhos e pequenos produtores.

Apenas no estado do Amazonas, que faz parte da chamada Amazônia Legal, quase 90% dos proprietários rurais possuem até quatro módulos fiscais e, por isso, fazem parte do perfil de produtor rural familiar, segundo dados do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). Além disso, a maior parte das Terras Indígenas (TI) também se concentra na Amazônia Legal: são mais de 400 áreas – e 173 etnias, representando 23% do território amazônico e 98% da extensão de todas as TIs do país.

E não custa reforçar que, de acordo com um levantamento do MapBiomas, as Terras Indígenas são os territórios mais preservados da Amazônia, apesar do avanço de invasores. Entre 1990 e 2020, apenas 1,6% da perda de vegetação nativa no Brasil ocorreu em Terras Indígenas.

TIs e outras Áreas Protegidas têm um papel sociocultural importantíssimo, são fundamentais na conservação da biodiversidade e ainda funcionam como barreiras para conter o avanço do desmatamento ilegal.

A produção de castanha-do-brasil certificada na Terra Indígena Sete de Setembro, entre Cacoal, em Rondônia, e Aripuanã, no Mato Grosso, é um exemplo de todo esse potencial. A castanha é típica da Floresta Amazônica e, nesse caso, tem um papel considerável não apenas na geração de renda, mas também cultural, de evidenciar a ligação do povo Paiter Suruí com a terra e de ajudá-los a manter-se ali apesar de todas as ameaças e dificuldades. E isso tudo com melhoria de processos, estrutura e do próprio manejo.

Com o passar dos anos e a crescente demanda pela castanha-do-brasil no mercado, ela foi ganhando mais espaço entre os indígenas da região. Em 2016, a Associação Soenama, que reúne as comunidades Iratana e Mauíra, conquistou a certificação FSC em manejo florestal para produção de babaçu e castanha em uma área de 91 hectares. Pouco tempo depois, em 2018, foi a vez da Associação Metareilá, que representa as aldeias Tikã, Lapetanha, Joaquim e Apoena Meireles, obter a certificação de quase 500 hectares.

Ou seja, não podemos falar sobre proteção às florestas sem falar de quem as protege e que também merece ser protegido. Felizmente, o mercado já está olhando para a floresta com outros olhos e isso pode fazer uma enorme diferença ao possibilitar a produção e o escoamento de produtos responsáveis e sustentáveis. O consumo consciente é uma poderosa ferramenta. A grande questão não é deixar de comprar os produtos de origem florestal, mas comprar com responsabilidade, porque há muita gente – muita gente mesmo – fazendo um trabalho bem-feito e que precisa ser valorizada para escalar suas boas práticas e espalhar sua consciência ambiental. Então sim, se cada um de nós fizer a sua parte, é possível proteger e assegurar florestas para todos para sempre.