Se o desmatamento contribui para o aquecimento global, o manejo florestal responsável é a contrapartida, uma das principais soluções para esse problema. Além de armazenarem grande quantidade de carbono, as florestas contribuem para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, como a biodiversidade, o abastecimento de água e a conservação do solo, que garantem as condições da vida na terra. A floresta amazônica, por exemplo, ocupa quase metade da extensão territorial do país e possui mais de 80% da quantidade de água superficial, ou seja, que não engloba os lençóis freáticos e qualquer fonte subterrânea, de todo o Brasil.

Quando se fala em práticas de manejo florestal sustentável, isso abarca todo o processo, desde o georreferenciamento das propriedades e o inventário das árvores com valor comercial, até o mapeamento do relevo, da hidrografia, população local e outros atributos de alto valor de conservação. Isso permite escolher com cuidado o melhor lugar para abrir trilhas, pátios e estradas que causem o mínimo de impacto possível e reduzam o tráfego de máquinas. Com o tempo e até o próximo ciclo de corte, a floresta se regenera totalmente.

Impossível, portanto, pensar em mitigar o aquecimento global sem falar na conservação das florestas. E é impossível falar de preservar a água sem falar em proteger as florestas, visto que são um ambiente colaborativo, extremamente resiliente, que tem muito a nos oferecer e ensinar; seja como produzir, como dar frutos, como multiplicar ou renascer. Características como compartilhar nutrientes, moderar o consumo e a produção conforme o momento e entender quem precisa de mais ou de menos são lições que podemos aplicar no nosso dia a dia e tem tudo a ver com a gestão do clima e da água no planeta.

Procedimento de Serviços Ecossistêmicos do FSC

Os serviços ecossistêmicos representam uma série de benefícios que obtemos da natureza. Os manejadores de florestas certificadas pelo FSC já os conservam e arcam com os custos associados a isso. Por um lado, o objetivo do procedimento é, portanto, facilitar o acesso aos crescentes mercados de SE, fornecendo aos proprietários florestais, pequenos produtores e comunidades, ferramentas para medir e verificar seus impactos positivos nestes serviços. E, por outro, oferecer às empresas e governos uma nova ferramenta para demonstrar e comunicar o impacto que suas compras e investimentos têm na conservação e restauração dos serviços ecossistêmicos florestais.

Podem ser verificados pelo FSC impactos no sequestro e armazenamento de carbono, na conservação da biodiversidade, nos recursos hídricos, na conservação do solo e nos serviços recreativos. Desde 2018, quando os procedimentos de serviços ecossistêmicos entraram em vigor, 26 organizações já o receberam em todo o mundo, o que equivale a uma área de quase 800 mil hectares. Aqui no Brasil, a Associação de Produtores de Açaí do Bailique, no Amapá, tem o de manutenção de carbono e biodiversidade, a Veracel tem o de biodiversidade e a Mil Madeiras, de carbono e, em breve, de água.