Em janeiro de 2002, abria as portas no Brasil a organização não governamental FSC – Forest Stewardship Council®, criada nos anos 1990, para promover o manejo florestal responsável ao redor do mundo. Ainda hoje, é o único sistema de certificação florestal que incorpora, de forma igualitária e com um modelo de governança baseado em princípios de participação direta e democrática, as perspectivas de grupos sociais, ambientais e econômicos. De um lado, o FSC trouxe à indústria de base florestal a necessidade de se adequar a um processo produtivo mais sustentável e regulamentado. E, do outro, por meio de um símbolo - a arvorezinha verde - estimula o consumo consciente, indicando ao consumidor produtos de origem florestal provenientes de cadeias responsáveis. 

Atualmente, o Brasil é o 6º país no ranking de área certificada e tem mais de mil certificados de cadeia de custódia. “Houve uma grande evolução neste período, principalmente em relação à conscientização, e agora vemos um forte movimento de ação, sobretudo da iniciativa privada, para atender às crescentes demandas por práticas sustentáveis”, avalia Daniela Vilela, atual diretora executiva do FSC Brasil. “Para assumirmos uma posição de liderança numa nova economia de baixo carbono, e temos potencial para isso, é preciso que o governo assuma seu papel de coordenação e olhe para o setor florestal com a atenção que ele merece”, completa. 

Hoje, dos quase 8 milhões de hectares certificados no Brasil, cerca de 6 milhões são plantações florestais. Em setores como o de papel e celulose, por exemplo, e embalagens, a certificação já é praxe. As maiores mudanças estão aparecendo em outras áreas, como a própria indústria madeireira, a construção civil, perfumaria e cosméticos. “Essa noção de que temos um problema comum – o aquecimento global – e que a responsabilidade por resolvê-lo ou minimizá-lo é de todos, tem promovido atitudes que impactam diretamente nas florestas e no uso que fazemos delas”, diz Daniela. 

E entre os detentores de certificados, além de grandes empresas, como Duratex, Klabin, e Mil Madeiras, há muitos pequenos produtores e comunitários, como a Amazonbai, Garah Itxa e Coomflona, que reforçam o papel fundamental de quem vive na floresta e da floresta. Muito além da madeira, há uma gama enorme de produtos não madeireiros, como óleos e frutos, e os serviços ecossistêmicos, como água, carbono e o próprio turismo que podem, e devem, ser explorados com responsabilidade. “Se ainda hoje há quem diga que onde há muita floresta, há muita pobreza, e pior, se isso ainda acontece no Brasil, é porque ainda temos muito trabalho a ser feito”, pondera Daniela. “A floresta guarda uma riqueza imensurável”, afirma. 

Ao longo desses 20 anos, o FSC Brasil firmou inúmeras parcerias para promover o manejo florestal responsável no país e estimular o consumo consciente. Entre os parceiros, instituições de diversas áreas com poder transformador, como o Serviço Florestal Brasileiro, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, Arcos Dorados e a Confederação Brasileira de Futebol. “Há um grande trabalho de educação, de aproximar os grandes centros urbanos das florestas, e temos muito orgulho dessa história até aqui”, avalia Daniela. “Apesar das dificuldades, nossa agenda está na pauta do mundo e a tendência é positiva”.