Não parece ser a toa que o Dia Mundial da Água coincide com o Dia Mundial da Floresta. Duas grandes comemorações. Ou seriam dois grandes sinais de alertas?

As árvores são fundamentais para preservar rios, lagos e represas. Sem elas, as nascentes secam e as águas das chuvas caem direto no solo, o que diminui o processo de infiltração e aumenta a erosão e o assoreamento.

Desmatamento ilegal, urbanização descontrolada, ocupação irregular de mananciais, modificação do uso do solo para agricultura, tudo isso impacta o regime hídrico e afeta, inclusive, os níveis dos reservatórios. Ou seja, sem florestas, vamos ficar sem água. E sem as duas, não há vida.

E conservar, passa, necessariamente, por manejar de forma responsável. Sabe-se, por exemplo, que o desmatamento nas florestas sem destinação foi 85% maior entre 2019 e 2021 do que nos três anos anteriores. E que vem crescendo desde 2006. Isso prova que o “abandono” não é solução.

Por outro lado, não faltam iniciativas bem-sucedidas de manejo florestal responsável em todo o país. Ele é, sem sombra de dúvida, uma das principais ferramentas de combate ao desmatamento ilegal. E a água é parte importante desse processo. A certificação FSC cobra a proteção dos cursos de água, para que ela possa fluir através da floresta em direção às comunidades que dependem dela, e exige o monitoramento das práticas de manejo, para que possíveis impactos sejam prevenidos, minimizados e mitigados.

Cada vez mais, é preciso enxergar e entender a correlação entre as nossas atividades e os bens e serviços da natureza”, explica Daniela Vilela, diretora executiva do FSC Brasil. “Qualquer coisa que aconteça com a floresta afeta todas as relações que existem com ela, e nos afeta diretamente”, completa.

Manejadores responsáveis de florestas já conservam valiosos serviços ecossistêmicos como os recursos hídricos, o solo e a biodiversidade. No caso do FSC, especificamente, desde 2018, detentores de cerificado também podem medir, verificar e comunicar seus impactos positivos por meio dos chamados procedimentos de serviços ecossistêmicos. Aqui no Brasil, a Mil Madeiras Preciosas e a Klabin já conseguiram seus certificados para água.

Para uma boa coexistência entre humanos e meio ambiente é preciso respeitar o uso múltiplo da terra e do ciclo natural das florestas. Conservá-las em pé, além de gerar lucro e promover o desenvolvimento social e ambiental do país, é uma maneira eficiente de ajudar na formação das chuvas e na regulação do clima, por exemplo. Isso significa que manter as florestas saudáveis garante água e a nossa sobrevivência na Terra.