Desde o dia 20 de janeiro, e até dia 24 de fevereiro, a bola rola pela Copa Verde, uma competição regional entre equipes do Norte e Centro-Oeste, mais o Espírito Santo, aqui no Brasil. O nome não é a toa, já que que o norte, principalmente, concentra a maior biodiversidade do país por causa da Floresta Amazônica, que abrange aproximadamente 80% de toda essa região.

Aproveitar a vitrine que um evento desse porte oferece para discutir temas relevantes para a sociedade é uma oportunidade e tanto. Desde 2017, com apoio do Ministério do Meio Ambiente, a Confederação Brasileira de Futebol e o FSC Brasil uniram esforços para implementar ações sustentáveis relativas à Copa Verde e promover o manejo responsável das florestas brasileiras. "Ao juntar duas paixões nacionais, como o futebol e a Amazônia, provamos que qualquer um pode adotar boas práticas socioambientais”, diz Daniela Vilela, diretora executiva do FSC Brasil.

Agora, por causa do COVID-19, é verdade que os estádios estarão vazios. No entanto, esse mesmo isolamento expõe ainda mais claramente a necessidade de cuidarmos das florestas e do meio ambiente, já que pandemias como a atual se tornarão mais frequentes devido às mudanças climáticas e os efeito da destruição de habitats de diferentes espécies. E cuidar disso, procurando uma solução para o aquecimento global e para a conservação das florestas é tarefa de todos nós, inclusive de quem joga bola ou só assiste pela televisão.

Os troféus simbólicos feitos de madeira nativa e certificada FSC jogam ainda mais luz sobre as florestas e, principalmente, sobre o manejo florestal responsável. Produzidos por comunitários da Coomflona - Cooperativa Mista da Flona Tapajós, no Pará, eles no levam até pessoas que, ao produzir madeira respeitando o ciclo natural da floresta, conseguiram melhorar seus níveis de desenvolvimento econômico e social e assegurar serviços ecossistêmicos como água, armazenamento de carbono e biodiversidade.

A Coomflona tem o selo FSC 100% comunitário desde 2013 e reforça a importância dos moradores da região na conservação das florestas. Dois anos depois da certificação, começou a ser procurada por empresas interessadas em comprar madeira certificada, principalmente para exportação. Eles, que tinham apenas um cliente, passaram a ter cinco. O valor do Mᶟ da madeira em tora, que era de R$ 230,00 em 2014, hoje é de R$ 415,00. Os comunitários também construíram uma serraria e uma movelaria. Hoje, são parceiros do Projeto Design e Madeira Sustentável, desenvolvido pela BVRio, que leva designers renomados até a comunidade, viabiliza workshops e cria uma ponte entre o manejo e os grandes centros consumidores. “Produzir esse prêmio da Copa Verde é para nós a chance de divulgar a nossa proposta do manejo florestal comunitário”, diz Arimar Feitosa Rodrigues, coordenador da movelaria da cooperativa.

Foi justamente nessa movelaria, e por meio dessa ponte, que foram feitos os dois troféus da Copa Verde, de melhor jogador da partida final e de time campeão. O primeiro, feito de muiracatiara e itaúba e idealizado pela designer Roberta Rampazzo, simboliza não apenas a bola de futebol, mas um “empilhamento” de virtudes, vitórias e sonhos. “Uma responsabilidade enorme desenhar um troféu, um objeto que simboliza tanto para um atleta e que será carregado com muita emoção e suor”, diz a artista. Já o de campeão, feito de roxinho, muiracatiara, itaúba e ipê roxo, traz também um apelo: Salve a Floresta. Desenhado pelo designer Paulo Alves, tem como objetivo falar sobre sustentabilidade com uma linguagem amigável. “Quatro braços diferentes se unem para formar um único tronco, que brota no centro do mapa da bacia amazônica, nossa Amazônia Legal, que sonhamos preservada para o bem da humanidade”, resume bem Alves.