Esses dois temas representam alguns dos trabalhos mais importantes realizados pelo FSC, mas tampouco foi consistente na consecução de todos os objetivos. Uma grande razão para isso é que o trabalho foi realizado separadamente.

De acordo com Pamela Perrault, escritora técnica da diretriz do Consentimento Livre, Prévio e Informado (CLPI, ou FPIC - sigla em inglês), “quando se trata de manejo florestal, algumas comunidades serão afetadas.” No passado, avaliações de Alto Valor de Conservação (AVC, ou HCV - sigla em inglês) enfatizaram a metodologia científica à custa de um envolvimento minucioso. O conhecimento e as opiniões dos Povos Indígenas devem ser considerados desde o início do processo de avaliação. O FPIC deve ser aplicado a todos os HCVs, e não apenas aqueles considerados social ou culturalmente importantes".

John Cathro, escritor técnico da diretriz do HCV, considerou: “Nós precisamos conectar os princípios 3 e 9, temos que romper o distanciamento entre eles, porque na realidade ambos seguem a mesma metodologia.

Pablo Huaiquilao, membro do PIPC, do Chile, acrescentou: "Os povos indígenas às vezes não vêem os princípios 3 e 9 como relacionados; o que eles vêem, especialmente o povo Mapuche, é que os HCVs têm um vínculo muito forte com as comunidades. E às vezes, as auditorias não conseguem fazer esse elo entre os direitos indígenas tradicionais e o HCV. É necessário desenvolver uma abordagem mais adequada às comunidades, e também confiar mais nelas quando o assunto for manejo florestal responsável.”

Além disso, Pamela Perrault ressaltou a importância de estar disposto a trabalhar em colaboração com as comunidades, a fim de avançar com os objetivos desses dois projetos.

Em relação a isso, ela comentou: “Se as pessoas estivessem mais focadas na percepção humana, o trabalho técnico poderia também refletir a conservação de áreas e aldeias protegidas, lar dos povos indígenas. Na ciência fazemos compartimentos, mas às vezes apenas precisamos pensar nas pessoas e dar a elas a oportunidade expressarem suas opiniões sobre essas áreas, sua terra natal. Precisamos pensar fora da caixa e convidar as comunidades para conversar”.

Isabel Garcia Drigo, membro do grupo técnico de trabalho de HCV, confirmou a necessidade de engajar as comunidades e levar auditores com treinamento específico para garantir processos “com outro ponto de vista, para ter uma melhor abordagem e evitar sobreposições”.

O futuro desses dois projetos únicos, mas inter-relacionados parece brilhante, já que o FSC assegura a futura colaboração entre ambos os grupos técnicos de trabalho (FPIC e HCV). Os resultados desta colaboração, até agora, incluem um draft de um guia orientativo para os grupos de desenvolvimento de padrões: Desenvolvendo Guias Nacionais de Altos Valores de Conservação.

Convidamos todas as partes interessadas e/ou afetadas a participar deste importante processo, contribuindo com a consulta pública, que vai até o dia 05 de janeiro de 2018.

Draft do Guia de Orientação para Grupos de Desenvolvimento de Padrões: Desenvolvendo Guias Nacionais de Altos Valores de Conservação.

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