O suco e o leite em embalagens longa vida, a lasanha congelada, a caixa e a sacola de presente, o papel de carta, a correspondência do banco. Aqui no Brasil, a “história” de todas essas coisas tem uma origem em comum: uma plantação florestal. E na grande maioria desses casos, carregam o selo FSC. Você, fatalmente, já viu essa arvorezinha verde muitas vezes por ai. Mas será que já sabe tudo o que ela significa? Bem além de cuidar do meio ambiente, o sistema FSC também tem uma responsabilidade social e um compromisso com a viabilidade econômica.

Em todo o mundo, quase 200 milhões de hectares são certificados pelo FSC. Aqui no Brasil, já são mais de seis milhões. A maior parte desse total é de plantações florestais, o que ajuda a colocar o setor de árvores plantadas brasileiro entre os mais sustentáveis do mundo. Estamos falando, principalmente, de pinus e eucalipto, de onde vem a matéria-prima para uma infinidade de tipos de embalagem.

Segundo a pesquisa Environment Research, realizada pela Tetra Pak em 13 países, 95% dos consumidores no Brasil acreditam que as questões ambientais devem ganhar ainda mais relevância nos próximos anos e, no momento da compra, 81% deles consideram muito relevante a presença do logo FSC na embalagem. No entanto, mesmo cada vez mais cientes do seu papel nessa luta, muita gente ainda cita o alto custo dos produtos ambientalmente responsáveis como barreira para o consumo e têm dúvidas sobre os significados de conceitos ambientais. E é justamente para esclarecer esses aspectos que o FSC tem se aproximado dos consumidores finais.

FSC significa, em português, Conselho de Manejo Florestal e trata-se de uma organização não governamental que há mais de vinte anos promove o manejo florestal responsável ao redor do mundo. Com sede em Bonn, na Alemanha, está presente em mais de 80 países, incluindo o Brasil, onde está desde o inicio dos anos 2000. A expressão manejo responsável ainda é nebulosa para muita gente e contribui para evitar o desmatamento ilegal. Vai mais além e, entre outras coisas, os princípios e critérios do FSC incluem equidade de gênero, conservação da diversidade ecológica, dos recursos hídricos e do solo, o respeito às comunidades tradicionais e aos povos indígenas e a manutenção e proteção de Áreas de Preservação Permanente.

Comprar de quem faz certo – e isso vale tanto para as escolhas cotidianas do consumidor final quanto dos fornecedores das empresas - estimula boas práticas e fomenta iniciativas positivas. O selo FSC faz, justamente, essa ligação entre produção responsável e consumo consciente. Isso só é possível, porque além de certificar o manejo propriamente dito, ou seja, o trabalho no campo de plantio, manejo e colheita das árvores nas florestas, o sistema também certifica a cadeia de custódia, que, basicamente, são os empreendimentos e, ou as comunidades envolvidas no processamento e beneficiamento de produtos que utilizem insumos florestais madeireiros ou não madeireiros. Certificando todos os elos da cadeia, o FSC garante o que chamamos de rastreabilidade.

Agora, mais do que nunca, o objetivo do FSC no Brasil e no mundo é ampliar o conhecimento e o reconhecimento da marca e informar os benefícios sociais e ambientais da certificação como mecanismo de conservação das florestas, proteção da biodiversidade e melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. Afinal, quanto mais pessoas e empresas souberem o que realmente significa o FSC e buscarem pelo selo, mais todos os envolvidos se beneficiarão. Quando todo esse processo é percebido, o selo torna-se um diferencial estratégico que agrega valor às marcas certificadas.

As florestas têm um potencial econômico enorme. E é preciso trabalharmos juntos, iniciativa privada, sociedade civil, instituições financeiras, governos, para reconhecer e, principalmente, remunerar a sustentabilidade a fim de garantir um futuro mais verde para todos nós. Para preservar as nossas matas não é preciso jogar tudo para o alto e fugir para as montanhas. Muito pelo contrário. É possível fazer isso mudando apenas o jeito de olhar para os produtos que têm origem florestal e estão superpresentes no nosso dia a dia. Valorizá-los e, mais do que tudo, certificar-se de suas origens, é fundamental para manter as florestas em pé, gerar e distribuir renda, criar empregos, desenvolver territórios de forma responsável etc.. E todos nós podemos ser ativistas já no supermercado!

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Aline Tristão Bernardes, Diretora Executiva do FSC Brasil

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz de Fora, com Mestrado em Ecologia Conservação e Manejo de Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais, atua há trinta anos como gestora de projetos relacionados à gestão territorial e conservação ambiental. Já trabalhou na Fundação Biodiversitas, no Instituto Terra e na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais. Desenvolveu estudos e projetos para o Banco Mundial, Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento, GTZ e ONGs norte-americanas e brasileiras, como W. Alton Jones Foundation e Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO. Antes de chegar ao FSC, em 2015, atuou como gestora de projetos de Gestão Integrada de Território junto ao Instituto Bioatlântica – IBIO.